Nau dos Corvos e A Serrana: conheça as revistas acadêmicas que estão sendo produzidas pelos alunos de Letras

Compostas por artigos escritos por alunos, as revistas serão produtos das disciplinas Literatura Portuguesa I e II, ministrada pela professora Claudia Barbieri

-Por Carolina Carvalho

Cláudia Barbieri é nova no Departamento de Letras da UFRRJ. Professora dos cursos de Literatura Portuguesa I e II, desde o segundo semestre de 2017, já chegou desenvolvendo novos projetos, a fim de incentivar os alunos a produzir algo para além da sala de aula: duas revistas acadêmicas, compostas por artigos feitos pelos alunos como avaliação das disciplinas. Os artigos para o ano de 2018 poderão abordar qualquer tema dentro dos recortes propostos pelas disciplinas. Nau dos Corvos, a revista de Literatura Portuguesa I, terá artigos com assuntos datados desde a Idade Média até neoclassicismo, no final do séc XVII. Já A Serrana, revista de Literatura Portuguesa II terá artigos sobre a temática desde o século XIX até o Modernismo Português.

Dessa forma, para Cláudia, os alunos passam a ter liberdade de fazer abordagens comparativas com a literatura brasileira, com cinema, teatro ou qualquer outro assunto de seu interesse. Por enquanto, a revista se encontra em fase de diagramação, estruturada também por  Cláudia, que  é  igualmente formada em arquitetura. Em entrevista ao Portal Humanidades, ela contou os detalhes de seu projeto.

 

Como é a relação dos alunos com o projeto?

O artigo demanda uma dedicação maior, um tempo de pesquisa. Eles têm que se reunir, conversar, chegar ao mesmo recorte, pesquisar, elaborar o texto, não é fácil. Quem escreve sabe que tem que ter essas coisas muitos prontas já na cabeça e na mente pro texto fluir de uma maneira bacana. Então, em relação aos alunos, eu explico que vai dar mais trabalho mas em compensação é algo que vai ficar, não é só uma nota. Isso vale pra vida deles, eles vão poder falar que têm um artigo publicado pela faculdade, têm esse registro.  Eles têm se envolvido muito, conforme eu vou fazendo as coisas eu mostro pra eles, eles dão sugestão do que fazer, onde mexer… tem sido bem interessante. Uma coisa que eu não esperava é que, quando os alunos entregaram os artigos, eu devolvi cada um deles com comentários, observações, isso fazia parte do processo de avaliação dos textos. E muitos quiseram mexer no texto depois que eu fiz essas considerações pra quando saísse na revista já saísse uma versão completamente revisada por eles. Teve caso de alunos que mexeram significativamente no texto e isso não fazia parte da avaliação, eles já tinham recebido a nota, já tinha passado na disciplina e mesmo assim durante o período das férias uma série de alunos continuaram trabalhando e me mandaram os textos refeitos. Tem sido muito gratificante, eu não esperava esse retorno.

 

Na foto, Cláudia em entrevista, na redação do Portal Humanidades.

Como foram escolhidos os nomes das revistas?

A definição dos títulos das revistas foi feita pelos alunos. Pedi pra eles mandarem ideias pros títulos e a gente conseguiu fechar nesse nomes, que têm a ver com as temáticas da literatura portuguesa,  minha intenção desde o início. Eu queria algo que ficasse marcado, que não fosse só algo bonito. O título “Nau dos corvos” é a logomarca da cidade de Lisboa e diz respeito a uma lenda que envolve a figura de São Vicente, ela conta que ele teria morrido e o corpo dele teria sido colocado num barco que foi posto à deriva e teoricamente era pra esse corpo ter se deteriorado, era pra ele ter sofrido diverso ataques mas nada aconteceu porque os corvos começaram a proteger o barco, não deixando que nenhum outro pássaro chegasse e ferisse o corpo de São Vicente. As calçadas de Lisboa de tempo em tempo têm essa ilustração na calçada. A logomarca da câmara municipal de Lisboa, os postos de iluminação, todos os lugares de Lisboa tem essa referência da nau com os corvos protegendo. Então, como esse é um fato que remonta ao período de recorte da disciplina de literatura portuguesa I, nós desenvolvemos uma logo pegando esse esquema das calçadas.

 

À esquerda, o quadro de Almada Negreiros (imagem do Pinterest https://br.pinterest.com/pin/541206080201730956/?autologin=true) e à direita, a logo desenvolvida para a revista (foto tirada para reportagem)

Esse é um quadro pintado pelo Almada Negreiros que também foi poeta, trabalhou junto com Fernando pessoa, na revista Orfeu e como eu não poderia usar a imagem dele por ter direitos autorais, nós desenvolvemos um logo pegando esse esquema das calçadas e vamos trabalhar em preto e branco mesmo. A imagem do Almada vai vir sempre só como um ícone no editorial da revista, fazendo as referências.

A Serrana

O nome tem a ver com a primeira cantora de fado que existiu, que foi bastante homenageada durante as poesias neoclássicas do período do arcadismo e era uma mulher da região do porto. Essa mulher com as vestes é uma representação mais ou menos dessa mulher do porto. Ao mesmo tempo tem uma referência ao fato da gente estar aqui no município de Seropédica que significa pé da serra, então a serra que vira a viola de fado, né, aqui mais ou menos o contorno do violão. Então é uma referencia à cantora de fado e a região aqui de Seropédica.

Logo desenvolvida para revista A Serrana (foto tirada para reportagem)

 

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